Abstract
A predominância dos temas literários e fenomenológicos nos textos sartrianos dos anos 1930 já chamou atenção de vários especialistas e comentadores da obra do autor. É notável, entretanto, como os exames dos textos dessa época contentam-se, no mais das vezes, em apontar o paralelismo ou a contemporaneidade entre fenomenologia e literatura ali presente, sem realçar a fundamentação que uma parece conferir à outra e que constitui uma das questões mais interessantes que a filosofia sartriana levanta. Há que se incluir, na verdade, a estética literária de Sartre na compreensão de suas teses fenomenológicas; teses estas que, por outro lado, fornecem o solo filosófico da literatura sartriana, em termos tanto de autoria quanto de crítica. O propósito deste artigo é demonstrar, assim, uma dependência ou, se quisermos, implicação mútua entre literatura e fenomenologia não apenas central em relação àquele período da produção de Sartre como, também, determinante para seus projetos teóricos e ficcionais ulteriores.