Abstract
Como o adulto não indígena percebe a criança yanomami? O que nos propomos neste artigo é trazer elementos ao debate sobre a temática da criança indígena, desde uma análise comparativa das representações das crianças yanomami por meio de fotografias realizadas pelos religiosos na Missão Catrimani em 1993, onde indicava seu ambiente tradicional de educação familiar e suas diversas interações. Esse registro iconográfico, por meio de uma amostra de fotografias das crianças yanomami, comparadas ao registro autobiográfico de Davi Kopenawa, com suas lembranças de infância, no final de 1950 e início de 1960, permitiu-nos uma abordagem do contexto ambiental em que essas crianças estão inseridas, ao mesmo tempo observar suas interações com os adultos e o ambiente, com ênfase nos aspectos simbólicos, culturais e emocionais. Trata-se de uma metodologia triangular, documental, fotográfica e bibliográfica. Como resultados apontados, observou-se que o contraste de duas narrativas baseadas em suportes diferentes: a narrativa visual, fotográfica, e a narrativa escrita, literária, demonstra a persistência, através da história de contato dos Yanomami, da mitologia oral na identidade cultural dessas pessoas, no final do século XX.