Abstract
resumo A influência do ceticismo nos século XVI e XVII é por demais evidente para ser posta em questão. De Montaigne a Bayle, parece que o cético foi o promotor tanto de uma refutação radical dos princípios metafísicos escolásticos e depois cartesianos quanto de uma crítica feroz às autoridades religiosas e políticas. Ora, esse papel parece ter se amenizado no Século das Luzes, ou melhor, se deslocado - somente as dimensões críticas do social continuaram pertinentes. Pretende-se mostrar aqui o pressuposto de uma tal leitura que leva em conta apenas o aspecto visível da crítica cética e mostrar que o ceticismo, sob uma forma particular, foi uma das grandes questões da epistemologia das Luzes e que ele é indissociável, para ser compreendido em toda a sua dimensão polêmica, da recepção européia do imaterialismo berkeleyano. O objetivo de nossa intervenção se faz compreender então claramente: explicar primeiramente como uma tal concepção epistemológica pôde nascer em terra cartesiana e quais foram os seus líderes desse solipsismo das Luzes, a supor que os tenha havido, para mostrar, em seguida, porque ela pôde se tornar uma questão metafísica maior no século XVIII, antes de definir, para concluir, os interesses a que ela serviu ou desserviu. palavras-chave cartesianismo – imaterialismo – Luzes – materialismo – metafísica – ceticismo - solipsismo.