Abstract
O presente artigo tem como pretensão oferecer um olhar outro acerca da depressão. Nossa análise sobre tal fenômeno encontra na filosofia, sobretudo, de Byung-Chul Han, uma possibilidade interessante de ir além das explicações psiquiátricas. Entretanto, são nelas que esse texto inicia sua discussão: a hipótese serotoninérgica da depressão é apresentada, mas também, problematizada, pois, muito embora a psiquiatria encontre nela ainda hoje a sua tese nuclear acerca do comportamento depressivo, é mostrado aqui que, além de ser uma teoria ausente de comprovação científica, também carece de consistência para explicar o avanço da depressão ao redor do mundo. É diante da impossibilidade de pensar a depressão biologicamente que, no segundo momento deste artigo, há um esforço para analisar os modos de estruturação social contemporâneos, baseados na positivação da sociedade e na busca desenfreada por desempenho, e buscar nos mesmos, fatores desencadeantes do comportamento depressivo. A última parte do texto se concentra em apresentar um panorama filosófico centrado nas perspectivas de Han acerca da depressão. Através da exposição do mito de Eros e Psique, o artigo encerra sua análise mostrando a influência que o desaparecimento do Outro e a pressão por desempenho exerce na formação de uma sociedade de pessoas depressivas.