O tratamento da melancolia em Ficino

Revista Filosófica de Coimbra 28 (56):297-354 (2019)
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Abstract

A partir da leitura dos escritos de Ficino dedicados à melancolia, a presente investigação considera o modo como, combinando elementos de diversas fontes, o filósofo florentino contribuiu decisivamente para compreensão dessa condição e para a constituição de um medium terapêutico diferenciado. O enquadramento do De Vita Libri Tres na longa sucessão de teorias médico-‑filosóficas relativas à constituição melancólica revela a sua participação na dimensão incremental de uma densa semântica, mas também, de modo decisivo, a ausência de uma evolução unívoca das ideias de melancolia. Assim o demonstra a recuperação de uma vertente favorável do temperamento melancólico, combinando Ficino a ortodoxia médica relativa ao equilíbrio humoral com a possibilidade, enunciada no Problema XXX, de uma forma superior de equilíbrio. O eclodir da genialidade contemplativa, tida como característica central dos maiores feitos humanos, em particular no domínio dos estudos académicos, tem lugar na forma de êxtase, adaptando Ficino traços da mania [furor] platónica. O papel de Ficino na evolução das conceções de melancolia é também evidenciado na sua exploração das suas formas amorosa e religiosa, indicando uma sensibilidade às condições sociais da individuação, mas também a tentativa de compreender e mitigar as tribulações existenciais associadas ao seu próprio temperamento. Já no que se refere ao manancial terapêutico proposto pelo filósofo florentino, o aspeto mais inovador reside na sua mobilização da astrologia e da magia, pro- curando demonstrar que as mesmas são um recurso natural baseado num conceito de simpatia entre os elementos da hierarquia cósmica e, como tal, distintas da necromancia e da demonologia.

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