Abstract
O texto analisa a presença da família Sousa na literatura nobiliárquica portuguesa nos anos imediatamente posteriores à Restauração. Trata-se de ver a permeabilidade de certos valores nobiliárquicos na configuração da memória de um apelido e a sua implicação com a dimensão política da família Sousa. Em Portugal, o peso do genealógico foi um ponto essencial na configuração de uma definição-tipo de nobreza. Por isso a proliferação, desde a baixa Idade Média, de textos sobre famílias à sombra do Nobiliário do conde D. Pedro foi uma das constantes. Esta fecunda e prolífera produção permite-nos perceber as variantes discursivas em torno da honra, da virtude e da preeminência nobiliárquica em Portugal e contextualizar a nobreza portuguesa no espaço ibérico e europeu, pois comprovamos a presença constante de valores transversais a todas as nobrezas católicas do continente. Além disso, a conjuntura de 1640 soma um novo elemento de interpretação como é o da ideia de fidelidade ao novo projecto monárquico encabeçado pelos Braganças. Partindo da análise das formas do discurso em torno da nobreza, este trabalho de História cultural, e do mesmo modo social, é uma mostra evidente do papel que o escrito teve na modernidade no momento de estabelecer formas de comunicação dos valores sociais dominantes.