Discurso 50 (2):169-180 (
2020)
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Abstract
Neste texto examino algumas consequências da afirmação de Porchat de que o fenômeno no neopirronismo não precisa ser precisamente definido. Ao deixar o fenômeno variar ao sabor das circunstâncias, a abordagem de Porchat então parece deixar um dos elementos da dupla articulação que forma a epokhé neopirronista — a aceitação do fenômeno sem que ele comande crenças e que forma um par com a suspensão do juízo acerca do que não é fenômeno — imerso em imprecisões e, com isso, a posição neopirronista vulnerável. Argumento que esta vulnerabilidade é uma de suas virtudes pois apresenta um ceticismo situado, dependente de circunstâncias variáveis e que combate sistematicamente a ideia de que uma tese que imunize a variabilidade do fenômeno pode ser concebida e eventualmente formulada. Para tanto detenho-me na ideia de que o fenômeno é antes de tudo uma manifestação circunstanciada das coisas e é precisamente a ele, em um irremediável torvelinho, que o neopirronismo é enfaticamente leal.