Abstract
O artigo tem por objetivo aprofundar uma abordagem da noção de soberania, segundo análise de obras de Maquiavel estabelecida por Antonio Negri. O autor defende que a soberania para Maquiavel corresponde à sobredeterminação da ação do governante -seja no principado, seja na república- em face das limitações e oposições impostas pelos adversários e pela própria fortuna. Buscamos, assim, entender as características dessa acepção de soberania uma vez que o conceito é definido com exatidão por Jean Bodin, quase meio século após a publicação dos textos maquiavelismos. Para observar essa abordagem, digamos, heterodoxa, da soberania será preciso nos concentraremos na sua tese da relação entre ontologia política e movimento. Para Negri, o movimento é o princípio definidor da política e na obra de Maquiavel se encontra uma concepção de ontologia política produzida e pensada da própria ação do governante no tempo e da qual o movimento é constitutivo e indiscernível. Observaremos como se desenvolve a análise do conflito no caso de cidades como Roma e Florença. Como conclusão pretendemos observar que limites a interpretação das Istorie Fiorentine apresenta à tese negriana da soberania democrática em Maquiavel.