Abstract
Resumo O presente artigo brota da verificação de que a metafísica mantém uma relação complicada com a ciência. Para compreender a natureza deste problemática o autor percorre a história da relação entre estas duas áreas de estudo, focando-se no ponto decisivo dessa história que foi o surgimento do neopositivismo. O autor argumenta que durante o processo de reabilitação e ascensão da metafísica, logo após a queda do neopositivismo, os metafísicos em vez de procurarem diminuir o hiato com a ciência, acabaram por adoptar uma abordagem ainda mais autónoma desta. O autor procura mostrar que esta viragem tem origem no cerne da própria metafísica analítica, pelo que neste artigo se revisita o processo de reabilitação da metafísica com Quine, passando para a ascensão da modalidade a posteriori com Kripke. Evidencia-se que é nesta última fase que reside subtilmente a parte da mesma filosofia que causou a queda da metafísica. O autor argumenta que os principais factores que motivaram um afastamento das comunidades metafísica e científica, e a consequente posição de autonomia daquela, resultaram do facto da metafísica analítica contemporânea manter implicitamente uma forma de teoria deflacionista da verdade e de não-factualismo, que conduziu a uma posição anti-realista com todas as suas consequências. Por último, o autor propõe um reposicionamento da metafísica, a partir do conceito de união em complementaridade suportado por um realismo e compromisso ôntico com a Verdade. Palavras-chave: Filosofia da Ciência, Metafísica, Metafísica Analítica Contemporânea, Modalidade, Papel da Metafísica na Ciência, Teoria da Verdade