Abstract

A reading of Heidegger's philosophy out of Girard's mimetic anthropology is warranted by the problem of violence in Heidegger's text and context, and by the relationship of his thought to biblical revelation. The formative anthropology underlying Heideggerean ontology is the permanent sacrificial crisis unleashed by the figure and message of the Crucified. Heidegger responds to this in his existential analytic in respect of the pivotal death of Dasein and the futural temporality governed by this death, and then in the essential thinking of being and its event (Ereignis) of appropriation and withdrawal. Dasein is understood as the victim of sacrificial crisis. The event is the crisis itself. Heidegger's thought and language are then recruited to enable a more profound reflection on the meaning of biblical revelation, removing it from a metaphysical framework, placing it in an abyssal dynamic of giving that goes beyond the violence of being. /// O presente artigo defende que uma leitura da filosofia de Heidegger a partir da antropologia mimética de R. Girard está justificada pelo problema da violência tanto no texto de Heidegger como no seu contexto, bem como pela relação do seu pensamento com a revelação bíblica. A antropologia formativa subjacente à ontologia heideg-geriana consiste na crise sacrificial permanente despoletada pela figura e a mensagem do Crucificado. Heidegger responde a isto na sua analítica existencial a propósito da morte pivotal do Dasein e da temporalidade futura governada por esta morte, e depois no pensamento essencial do ser e do evento (Ereignis) de apropriação e retirada. O Dasein é entendido como vítima da crise sacrificial. O evento é a crise propriamente dita. Neste sentido, o artigo recruta o pensamento e a linguagem de Heidegger em ordem a possibilitar uma reflexão mais profunda acerca do sentido da revelação bíblica, removendo-a de um contexto metafísico e colocando-a numa dinâmica abissal de doação que vai para além da violência do ser.