Abstract
É difícil afirmar que o império português na Índia tenha sido, antes de mais, um “império da informação”, tal como Christopher Bayly se esforçou por comprovar, no caso do congénere inglês. Nesta matéria, como em muitas outras, faltam-nos ainda mais estudos. No entanto, parece óbvio que nos domínios portugueses na Índia – relativamente diminutos e muito descontínuos –, o conhecimento e a informação tiveram um papel muito importante no processo de assegurar o poder político, social e militar. O recurso às informações das redes de espiões, “línguas”, funcionários da administração, comerciantes e diplomatas foi fundamental para o recíproco conhecimento das sociedades e para desenvolvimento da presença portuguesa no Índico. Foi o que sucedeu com as informações veiculadas pelos comerciantes indianos residentes na África oriental setecentista. O principal objectivo deste artigo é perceber por que razão a elite indiana utilizou os jesuítas como intérpretes da sua língua, o marwari e o guzerate, para comunicar com a administração portuguesa.