Abstract
Como devemos conduzir nossas investigações morais para decidir no que acreditar sobre questões morais? Como a plausibilidade de juízos, teorias e princípios morais deve ser avaliada? Como devemos tentar remover nossas dúvidas quando estamos incertos sobre o que é certo ou errado, bom ou mau, justo ou injusto? O método do equilíbrio reflexivo, desenvolvido por John Rawls em A Theory of Justice e desde então adotado por um crescente número de filósofos, é uma tentativa de responder a questões como essas. O equilíbrio reflexivo pode ser interpretado de vários modos, muitos dos quais completamente incompatíveis entre si, mas as duas visões mais representativas do método são os modelos coerentista e intuicionista. Neste artigo o meu objetivo é argumentar que nós deveríamos entender o equilíbrio reflexivo como um método intuicionista de investigação moral. Assim, eu comparo essas duas visões, como elas diferem no modo como concebem o funcionamento e os objetivos do método, para defender que a tradição coerentista de interpretação do método reduz a investigação moral a uma mera busca por coerência, com isso ignorando a função metodológica que intuições morais desempenham em nossas reflexões morais. Em contraste, a interpretação intuicionista oferece um modelo de investigação que integra intuição morais com a busca por coerência, explicando por que e como esses dois elementos funcionam em conjunto em nossas reflexões morais. A minha alegação é a de que apenas quando o equilíbrio reflexivo é interpretado de acordo com esse modelo intuicionista que ele pode ser visto em uso na prática reflexiva de filósofos morais reconhecidamente competentes, como John Rawls, Judith Jarvis Thomson e Peter Singer.