Abstract
Não obstante as críticas de Giambattista Vico ao pensamento de Espinosa, é possível estabelecer uma relação de proximidade entre os dois. Se as críticas distanciam, o interesse histórico-filológico aproxima. Com efeito, para o estabelecimento de certa convergência entre os propósitos filosóficos dos dois autores, elencam-se os seguintes pressupostos: _i)_ tanto na _Ciência Nova_, quanto no _Tratado Teológico-Político_, a _filologia_ não é apenas conhecimento textual das línguas, porém via de acesso à história de um povo, pois guarda as mutações temporais da vida civil e a memória do mundo de sentido no qual se gesta; _ii)_ a língua não é uma criação do rigor do entendimento, isto é, não é criação dos filósofos, mas da imaginação, portanto do _vulgo_. Desse modo, toda via de acesso ao conhecimento do passado passa inevitavelmente pela potência da _imaginação-fantasia_: questão que interpela Espinosa na _história dos hebreus_ e Vico na _natureza comum das nações_.